Definição de infertilidade
A infertilidade é uma condição médica única porque envolve o casal, e não apenas um indivíduo. Traduz-se na incapacidade de um casal em obter uma gravidez após 12 meses de relações sexuais frequentes e desprotegidas.
A infertilidade masculina corresponde à incapacidade do homem em produzir espermatozóides com qualidade, em termos de morfologia e mobilidade, e/ou em quantidade suficiente para se obter uma gravidez. O fator masculino é o responsável único por cerca de 20-30% dos casos de infertilidade e contribui em cerca de 30% dos casos de infertilidade de ambos os elementos do casal.
Causas de infertilidade masculina
Qualquer processo que afete a ejaculação, a produção de espermatozóides ou a sua qualidade é potencialmente prejudicial para a fertilidade masculina. Em casos raros, a infertilidade masculina pode ser a apresentação clínica de condições mais graves e potencialmente fatais, entre elas o cancro testicular. A capacidade reprodutiva do homem pode ser afetada por hábitos de vida deletérios como o tabagismo, a ingestão frequente de bebidas alcoólicas e a utilização de drogas ilícitas. Estes vão afetar negativamente a quantidade e a qualidade dos espermatozóides produzidos.
As principais causas de infertilidade masculina incluem o varicocelo, a obstrução do trato genital, a falência testicular, a criptorquidia, a exposição a gonadotoxinas (por exemplo, agentes de quimioterapia), condições genéticas, infeções (sendo que a infeção pelo vírus da parotidite é a mais frequente), disfunção hormonal, condições imunológicas, disfunção sexual e ejaculatória, cancro, doenças sistémicas e natureza idiopática.
Apesar da infertilidade masculina de causa endócrina primária ser pouco frequente, as endocrinopatias - condições clínicas em que existe disfunção do eixo entre a hipófise e as gonadas e, consequentemente, uma ação deletéria sobre a quantidade e qualidade de espermatozóides produzidos - representam uma causa potencialmente tratável de infertilidade.
Dentro das causas congénitas de endocrinopatias, temos o Síndrome de Klinefelter em que existe hipogonadismo hipergonadotrófico, e o Síndrome de Kallmann, com hipogonadismo hipogonadotrófico, entre outros.
Do grupo das causas adquiridas fazem parte: a diabetes mellitus, que também é uma causa importante de disfunção ejaculatória; a obesidade; a disfunção tiroideia, que, apesar de menos comum em homens que em mulheres, deve ser considerada na avaliação do homem, dado que tanto o hiper como o hipotiroidismo podem ter efeitos adversos na fertilidade masculina; a hiperprolactinémia, causada por fármacos ou um tumor hipofisário produtor de prolactina; e os chamados disruptores endócrinos que são substâncias químicas que têm a capacidade de interferir com o funcionamento do sistema endócrino e no mecanismo de ação das hormonas. Estes últimos incluem substâncias ambientais, drogas e medicamentos. O abuso de substâncias, particularmente os esteróides androgénico-anabolizantes, tem aumentado em prevalência e estão frequentemente associados a anomalia persistente ou transitória da função reprodutiva masculina.
Avaliação inicial e seguimento
O estudo inicial das causas de infertilidade masculina poderá ser realizado junto do Médico de Família, através da obtenção de um espermograma – o primeiro exame diagnóstico a obter. O espermograma, obtido através da masturbação, permite avaliar a quantidade e a qualidade dos espermatozoides produzidos, bem como a avaliação química e física dos constituintes do esperma. Caso haja alteração em algum dos parâmetros do espermograma, o posterior estudo e seguimento destas situações deverão ser realizados em centros especializados por urologistas especialistas em fertilidade. Consoante a alteração detetada no espermograma, e em função da suspeita clínica sugerida pela história e exame físico, poderão ser necessários outros exames de diagnóstico, como por exemplo, doseamentos hormonais e/ou estudos genéticos complementares.
Tratamento
O tratamento poderá passar pela suspensão de hábitos de vida prejudiciais, tais como a evicção tabágica, alcoólica e de drogas de abuso; perda de peso com dieta e prática de exercício físico; pela reposição hormonal; pela resolução duma obstrução testicular; pela correção cirúrgica dum varicocelo, entre outros.
Nas situações em que são detetadas alterações genéticas ou há falência testicular grave, os casais são habitualmente encaminhados para técnicas de reprodução medicamente assistida. Frequentemente, o número de espermatozóides no ejaculado é de tal maneira escassa que é necessária a sua extração cirúrgica, através duma biopsia testicular.
Considerações finais
A infertilidade, ao criar barreiras aos indivíduos e casais quanto à possibilidade de ter filhos e no momento em que o desejam, está a negar a estes o direito de atingir o padrão mais elevado de saúde, bem estar físico e social. Dado o crescimento da infertilidade em todo o mundo, é fundamental que haja investimento por parte das instituições governamentais na investigação e na área da procriação medicamente assistida.
FRASES-CHAVE
A infertilidade é uma condição médica única porque envolve o casal, e não apenas um indivíduo.
A capacidade reprodutiva do homem pode ser afetada por hábitos de vida deletérios como o tabagismo, a ingestão frequente de bebidas alcoólicas e a utilização de drogas ilícitas.
O abuso de substâncias, particularmente os esteróides androgénico-anabolizantes, tem aumentado em prevalência e estão frequentemente associados a anomalia persistente ou transitória da função reprodutiva masculina.