Botero: "Eu não pinto pessoas gordas”
Fernando Botero (19.04.1932) é um pintor colombiano cujas obras se caracterizam pela presença de figuras gordas e voluptuosas. Botero é um pintor figurativo e não realista. Não se preocupa em pintar coisas especiais, por exemplo, homens e mulheres gordos, mas sim em utilizar a transformação ou deformação para tornar a realidade em arte.
Cena Familiar
A sua deformação surge sempre do desejo de acentuar a sensualidade das suas imagens. O volume corresponde a uma predileção formal pelos valores plásticos da arte clássica. Botero descobriu que era a presença sensual dos antigos mestres italianos que o atraía, reconhecendo que esta arte latina afirmativa, com os seus elementos formais louvando a glória de Deus e da Vida era também a sua visão das coisas e das suas ideias artísticas. A opulência formal é desenvolvida de forma bastante deliberada. Na América Latina genuína a gordura é associada a qualidades positivas como a saúde, boas condições de vida, alegria de viver e as pessoas gordas associadas à boa disposição, aos prazeres dos sentidos e a um fácil relacionamento. Tratando-se de um povo cujo espírito se alimenta de mitos e lenda, que adora símbolos e alegorias, possui também as qualidades criativas do exagero, da extravagância e do excesso. Eu não pinto pessoas gordas diz Botero. O exagero nos tamanhos é apenas uma escolha de estilo, da forma como ele apresenta sua arte. E mesmo na deformação está presente o desejo de mostrar a sensualidade das suas figuras.
As pinturas e esculturas de Botero dão-nos uma perspetiva diferente na sensualidade e beleza da pessoa obesa, mas também o conhecido carácter familiar de muitos obesos e a associação da obesidade com sucesso e bem-estar na vida.