OSSOS, DENTES E PRESAS NA ARTE
O início da utilização de materiais como ossos, dentes ou presas, quer como utensílios, quer como base para criação de arte, remonta ao Paleolítico.
No decorrer desta breve revisão, irei referir algumas particularidades em relação à forma como os Portugueses se relacionaram com estas peças ao longo do tempo, destacando o apreço particular pela utilização do marfim.
O início dos Descobrimentos (Século XV) permitiu o contacto com as populações da Costa Africana, e consequente criação de olifantes (trompas de caça elaboradas a partir de dentes de elefante decorados), píxides e saleiros. As peças originárias da Serra Leoa designam-se de Sapi-Portuguesas e as do Benim de Beni-Portuguesas. Exemplos destes objetos podem encontrar-se no British Museum e no Smithsonian Institute.
Com a continuação da expansão Portuguesa, temos peças com origem no Ceilão (Século XVI), nomeadamente em Kotte, surgindo os mais espetaculares cofres. Famosos em todo o mundo, podem ver-se, por exemplo, no Victoria & Albert Museum (Robinson Casket), na Residenz Schatzkammer de Munique (Coronation Caskets), no Vienna Kunsthistorisches Museum e no Boston Fine Arts Museum.
Deste contacto com o Ceilão e a Índia, destacam-se ainda múltiplas esculturas religiosas, respetivamente Cíngalo-Portuguesas e Indo-Portuguesas (Séculos XVI a XVIII).
Avançando para os Séculos XIX e XX, com o apogeu da Indústria baleeira nos Açores, surge a utilização de um novo material base – os dentes de cachalote – permitindo a criação de arte Scrimshaw: palavra da língua inglesa que designa a arte de entalhe e gravação ou pintura em dentes de cachalote. Na cidade da Horta existe um museu dedicado a estas peças.
Dada a impossibilidade de acompanhar o texto de imagens exemplificativas, aconselho vivamente a que procurem as referências na internet ou, idealmente, visitem in loco os museus referidos. Ficarão agradavelmente surpreendidos!