O teatro e a dança fazem parte da minha essência. Aos 5 anos comecei a traçar o meu percurso no maravilhoso mundo do espetáculo através da participação em teatros musicais.
Mais tarde, aos 13 anos descobri a minha verdadeira paixão: o teatro!
Após completar a minha primeira formação, ingressei no Grupo Dramático e Musical de Campo, associação à qual ainda pertenço e onde atuo regularmente. Ao longo dos últimos 17 anos, envolvi-me na criação de texto, produção, encenação e atuação de inúmeras peças de teatro, organização e apresentação de espetáculos culturais e participação em noites de fado.
Em 2022, participei na Mostra Internacional de Teatro pela companhia EntreTanto Teatro em Valongo. A conciliação desta atividade extracurricular com todas as exigências do internato médico foi muito desafiante, mas indubitavelmente positiva. Trouxe-me disciplina, método, uma capacidade aguçada de observação e improviso e um inegável conforto em apresentações de cariz científico. O teatro, fonte de alegria e leveza de dias mais cinzentos, é sem dúvida um aliado na Medicina. Mas não só para mim.
O teatro e a Medicina desde sempre que caminham juntos. Muitos teatrólogos são médicos e atrevo-me a dizer que todos os médicos são atores. A palavra “teatro” (do grego teatron) significa observar, contemplar. Assim se justifica a designação da época renascentista “teatro anatómico”, sala onde os estudantes de medicina observavam e analisavam disseções humanas.
E tal como Francisco Fragoso bem reflete, “médicos e atores não cessam de traduzir o mundo e dilatar as suas fronteiras. São os protagonistas e testemunhas da fragilidade do vivo. Encenam-se para fazer presente à cabeceira da dor. Empurram a morte que os coage ao desafio! A voz outorgada à língua, a pontualidade de um gesto, a prática da “presença” relevam um paradoxo: L’oeil écoute!”
Aconselho a espreitarem as suas curiosas obras e, claro, a irem ao teatro.