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Perfil - João Sequeira Duarte

Perfil
Ed.
Outubro 2022

Tenho 66 anos e sou natural de Torres Novas. Fiz o Curso na FCM Lisboa e o internato de Endocrinologia no Hospital Egas Moniz. Quando acabei o internato pensei que queria continuar na casa e não iria emigrar. Essa hipótese foi colocada previamente durante o internato geral que durou 5 anos. Fui prestar provas a Louvain, mas como obtive colocação com vínculo aqui, segui o percurso profissional com muito gosto, sem sobressaltos, em regime de exclusividade. A progressão na carreira foi lenta e a remuneração de base baixa. Atualmente sou diretor do serviço e cheguei a sénior aos 66 anos, com o dobro da idade do meu filho, que passou a engenheiro sénior aos 33 anos. Ele recebe prémios de desempenho da entidade patronal, mas eu sempre recebi o reconhecimento de muitos e muitos doentes. O meu dia típico de trabalho começa às 08.30h no hospital na consulta externa que se estende diariamente até as 17h. Levo de casa o almoço, que como entre 2 consultas. Até às 18:30 trato dos assuntos do serviço. Ao serão ocupo-me da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose, leio, preparo ou revejo trabalhos e ainda arranjo tempo para um voluntariado. O que eu gosto mais na minha profissão é melhorar ou devolver o bem-estar às pessoas.  Os meus projetos atuais de trabalho são contribuir para fazer crescer o serviço e as pessoas que nele trabalham, numa perspetiva de cooperação multidisciplinar. Arrependo-me de poucas coisas a nível profissional. Poderia ser menos conciliador quando surgem conflitos. No futuro, gostaria que os cuidados de saúde garantam a acessibilidade, a qualidade e contem com profissionais satisfeitos. Gostava de ter mais tempo para a família. Assim será se a saúde permitir, pois a aposentação não estará longe.  A Endocrinologia portuguesa deveria continuar a apostar na formação e na cooperação entre instituições nacionais e internacionais. É esse o conselho que dou aos mais novos.