"Tratamento do hipogonadismo com formulações de testosterona oral: uma realidade próxima ou uma miragem?"
As primeiras formulações orais de testosterona apresentavam grave risco de hepatotoxicidade e o mais recente, undecanoato de testosterona, mostrou uma variabilidade significativa de absorção. Em 2019 a FDA aprovou uma nova formulação do undecanoato de testosterona com perfil altamente lipofílico e absorção através do sistema linfático do tubo digestivo, o que evita o efeito de primeira passagem hepática, e não é dependente do conteúdo de gordura na dieta2. Os primeiros estudos mostraram que 87% dos doentes atingiram níveis normais de testosterona (300-1,000 ng/dL) ao fim de 90 dias de tratamento. Além disso, não se verificou alterações significativas na função hepática ou dos valores de PSA. Cerca de 4% dos doentes apresentaram elevações ligeiras a moderadas do hematócrito, tensão arterial e redução do HDL3. Esta formulação poderá ser o “Santo Grall” da andrologia, um medicamento de administração oral, cómodo e seguro. Serão necessários alguns anos e mais estudos clínicos para confirmar.
Bibliografia
1 - Westaby D, Ogle SJ, Paradinas FJ, Randell JB, Murray-Lyon IM. Liver damage from long-term methyltestosterone. Lancet. 1977;2(8032):262-263.
2 - Newell-Price, John et al. “An oral lipidic native testosterone formulation that is absorbed independent of food.” European journal of endocrinology vol. 185,5 607-615. 5 Oct. 2021, doi:10.1530/EJE-21-0606
3 - Swerdloff, Ronald S et al. “A New Oral Testosterone Undecanoate Formulation Restores Testosterone to Normal Concentrations in Hypogonadal Men.” The Journal of clinical endocrinology and metabolism vol. 105,8 (2020): 2515–2531. doi:10.1210/clinem/dgaa238