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Pergunta ao Especialista - Pedro Souteiro

Pergunta ao Especialista
Ed.
Outubro 2022

Trabalhar como endocrinologista num hospital oncológico implica uma mudança substancial de paradigma, sobretudo pelo tipo de patologia abordada. Entidades habitualmente consideradas raras, tais como os tumores neuroendócrinos e os carcinomas da supra-renal, tornam-se frequentes quando se trabalha neste contexto. Similarmente, neoplasias endócrinas que são habitualmente observadas em estadios iniciais nos hospitais generalistas, como os carcinomas da tiróide e os feocromocitomas/paragangliomas, são geralmente seguidas nos IPOs em fases mais avançadas.

Ser o principal médico responsável pelo seguimento do doente em situações de progressão da doença, implicando decisões terapêuticas difíceis, comunicar más notícias e gerir expectativas, é também um desafio adicional com o qual somos confrontados mais frequentemente do que num hospital geral. A complexidade e gravidade das patologias oncológicas ensinam-nos a saber priorizar o que é mais relevante e a evitar exames e tratamentos potencialmente fúteis. Todas estas especificidades culminam na imposição de uma maior disponibilidade por parte do médico e de uma capacidade de adaptação constante para acomodar estas exigências.

Certamente os desafios são grandes mas, no meu caso, largamente compensados pelo interesse que a patologia oncológica oferece.