Low stress hyperglycemia ratio predicts worse prognosis in diabetic acute heart failure patients.
Cunha FM, Carreira M, Ferreira I, Bettencourt P, Lourenço P.
Rev Port Cardiol. 2023 Jan 9:S0870-2551(23)00051-3. doi: 10.1016/j.repc.2022.02.013. Online ahead of print.
O ratio de hiperglicemia de stress (RHS), razão entre glicemia aguda e crónica, determina pior prognóstico em várias patologias, mas nunca foi estudado na insuficiência cardíaca aguda. Analisamos retrospectivamente 599 doentes, metade com diabetes mellitus (DM), seguidos durante 3 meses após hospitalização. Reportamos uma taxa de mortalidade de 17.0%, sendo que os doentes no primeiro tercil de RHS (≤0.88) tinham mais do dobro do risco de morrerem comparativamente com os restantes. O impacto do RHS na mortalidade dependia da coexistência de DM (p de interação significativo). A associação de menor RHS com mortalidade apenas era válida nos doentes com DM.
Filipe Cunha, Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa
Non-invasive follicular thyroid neoplasm with papillary-like nuclear feature: clinical, pathological, and molecular update 5 years after the nomenclature revision.
Melo M, Ventura M, Cardoso L, Gaspar da Rocha A, Paiva I, Sobrinho-Simões M, Soares P.
Eur J Endocrinol. 2023 Feb 14;188(2):lvad004. doi: 10.1093/ejendo/lvad004.
Em 2017 foi proposta a introdução de uma nova entidade na classificação de tumores de órgãos endócrinos da OMS, o NIFTP. Desde então, tem havido debate sobre os critérios histológicos para o diagnóstico, a necessidade de estudos moleculares ou o risco de metástases ganglionares ou recorrência associada a esta entidade. Nesta revisão discutimos a evolução do conceito de NIFTP (percentagem de áreas papilares, inclusão de tumores pequenos (<1 cm) e grandes (>4 cm) ou de lesões oncocíticas). Por outro lado, dados recentes sobre NIFTP no cenário de doença nodular da tireoide ou coexistência frequente de tumores malignos levantam preocupações sobre o acompanhamento desses pacientes.
MIGUEL MELO, CENTRO HOSPITALAR E UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA; FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE DE COIMBRA; Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S)
Regular physical activity moderates the adverse impact of type 2 diabetes on brain atrophy independently from HbA1c.
Moreno C, d'Almeida OC, Gomes L, Paiva I, Castelo-Branco M.
Front Endocrinol (Lausanne). 2023 Feb 17;14:1135358. doi: 10.3389/fendo.2023.1135358. eCollection 2023.
Neste artigo os autores demonstram o impacto do exercício físico regular no volume cerebral de pessoas com diabetes mellitus tipo 2 (DM2), avaliado por RM. Foram analisados dados clínicos, bioquímicos e imagiológicos de 170 indivíduos sem alteração cognitiva (85 com DM2 e 85 controlos), dos quais 69 praticavam exercício físico regularmente. A análise de correlação entre o número de horas de exercício físico semanal e os volumes cerebrais regionais demonstrou benefício significativo do exercício físico regular nas pessoas com DM2, associando-se a maior volume cortical e subcortical, independentemente do valor de HbA1c. Esta correlação não se verificou no grupo controlo. O exercício físico regular tem um impacto positivo nas pessoas com DM2, com efeitos benéficos e precoces na estrutura cerebral.
Carolina Moreno, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra; Coimbra Institute for Biomedical Imaging and Translational Research (CIBIT)
Risk of adverse events with liraglutide in heart failure with reduced ejection fraction: A post hoc analysis of the FIGHT trial.
Neves JS, Vasques-Nóvoa F, Borges-Canha M, Leite AR, Sharma A, Carvalho D, Packer M, Zannad F, Leite-Moreira A, Ferreira JP.
Diabetes Obes Metab. 2023 Jan;25(1):189-197. doi: 10.1111/dom.14862. Epub 2022 Sep 21.
O estudo FIGHT avaliou o efeito do liraglutido em 300 doentes com insuficiência cardíaca (IC) com fração de ejeção reduzida (ICFER). Na análise original observou-se uma tendência não significativa para um aumento de hospitalizações por IC. Nesta análise post-hoc, avaliamos a totalidade dos eventos (não apenas o primeiro evento) ao longo dos 180 dias de seguimento. O liraglutido aumentou o risco de arritmias e hospitalizações por IC. É importante contextualizar os resultados: apenas cerca de 5% dos doentes com DM têm ICFER. Nos restantes doentes com DM (cerca de 80% sem IC e 15% com IC com fração de ejeção preservada), os arGLP1 são benéficos e poderão até reduzir o risco de hospitalizações por IC. No entanto, nos 5% com ICFER, os arGLP1 não devem ser usados pelo risco de agravamento da IC.
João Sergio Neves, Centro Hospitalar Universitário de São João, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Outcomes of lenvatinib therapy in poorly differentiated thyroid carcinoma.
Roque J, Silva TN, Regala C, Rodrigues R, Leite V.
Eur Thyroid J. 2023 Feb 1:ETJ-23-0003. doi: 10.1530/ETJ-23-0003. Online ahead of print.
Não existem estudos específicos sobre o tratamento do carcinoma pouco diferenciado da tiroide avançado. Neste trabalho avaliamos o efeito do lenvatinib nos carcinomas pouco diferenciados avançados em progressão. Os resultados de vida real, foram bastante animadores, com obtenção de respostas parciais e de estabilidade da doença duradouras (sobrevida livre de progressão de 12 meses) e atingidas em todos os casos. O perfil de toxicidade foi o esperado da experiência deste fármaco nos carcinomas diferenciados. Estes dados, suportam o uso do lenvatinib no carcinoma pouco diferenciado tal como já estabelecido no carcinoma diferenciado da tiroide.
João Roque, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
Tiago Nunes Silva, IPOLFG UIPM
Changes in attitudes to awareness of hypoglycaemia during a hypoglycaemia awareness restoration programme are associated with avoidance of further severe hypoglycaemia episodes within 24 months: the A2A in HypoCOMPaSS study.
Sepúlveda E, Jacob P, Poínhos R, Carvalho D, Vicente SG, Smith EL, Shaw JAM, Speight J, Choudhary P, de Zoysa N, Amiel SA; HypoCOMPaSS Study Group.
Diabetologia. 2023 Apr;66(4):631-641. doi: 10.1007/s00125-022-05847-7. Epub 2022 Dec 20.
Avaliaram-se as cognições relacionadas com a hipoglicemia em DM1 com perda da perceção da hipoglicemia, antes e depois da intervenção multimodal HypoCOMPaSS, e determinaram-se preditores de resposta incompleta à intervenção ao longo de 24 meses. A intervenção incluiu um breve programa psicoeducativo com otimização do tratamento com insulina e monitorização de glicose. A barreira cognitiva ‘prioritização da prevenção da hiperglicemia' diminuiu do baseline até aos 6 meses, e essa diminuição foi mantida aos 24 meses. Houve também uma redução na barreira 'hipoglicemia assintomática normalizada' (HAN) do baseline até aos 6 meses. Os preditores de resposta incompleta foram pontuações basais mais altas para HAN, alteração reduzida nas pontuações HAN aos 6 meses e pontuações basais mais baixas na barreira ‘minimização da preocupação com a hipoglicemia’. A participação no ensaio randomizado associou-se a melhorias nas cognições associadas à hipoglicemia. Compreender e abordar essas barreiras é importante em indivíduos propensos a hipoglicemia grave.
Eduardo Sepúlveda, Diabetes Research Group, King’s College London, London, UK; Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal