Esperem, senhores, lhes direi em duas palavras quem sou, o que faço e como vivo. Quereis?
Quem sou – sou um médico, um académico
O que faço – ensino, trato, investigo
E como vivo – vivo
(parafraseando Rodolfo em La Bohéme de Giacomo Puccini)
Alberto Galvão-Teles nasceu em Lisboa há 85 anos. É casado, tem 2 filhos, 2 netos e 1 bisneto. Em criança, gostava de jogar futebol e ténis de mesa, tendo sido campeão nacional de infantis nesta modalidade. Na infância, sonhava ser “Homem de Letras”, mas foi para Medicina porque se apaixonou por esta ciência e “Podia continuar um Homem de Letras”. Licenciou-se pela Faculdade de Medicina de Lisboa em 1961. Entre Agosto de 1965 e Agosto de 1967, foi mobilizado para o Ultramar, tendo prestado serviço como médico no norte de Angola. Inicialmente inclinado para Psiquiatria, apaixonou-se pela Endocrinologia e terminou a especialidade em 1971, no Hospital de Santa Maria. Estagiou no Hammersmith Hospital, em Londres, com CW Burke, DC Anderson e JC Marshal, sob a direção do Prof. R Fraser. Foi Honorary Clinical Assistant no Departamento de Endocrinologia do Hammersmith Hospital, entre 1969 e 1972. Depois de uma breve passagem pelo IPO de Lisboa (1971-1975), regressou ao Hospital de Santa Maria, onde fundou e foi diretor do Serviço de Endocrinologia. Destaca, como Mestres, o Doutor L. Silveira Botelho (Endocrinologista) e o Prof. Evaristo Ferreira (Medicina Interna). As suas áreas de especialização foram a Andrologia, a Tiroidologia e a Obesidade. Fundou e foi 1º Presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia (1980-1990); da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (1989-1997) e do Grupo Ibero-Italo-Latino Americano de Andrologia (1987-1992). Foi eleito Fellow do Royal College of Physycians of Edimburgh (1982) e membro titular da Academia Portuguesa de Medicina (1999). Foi presidente da SPEDM entre 1997-2000 e 2000-2003. Da sua carreira, destaca ainda a organização do XII Congresso Internacional de Endocrinologia, em Lisboa, em 2004.
O seu maior arrependimento profissional foi não ter trabalhado nos EUA, pois considera que trabalhar em Portugal é “frustrante”. Os seus maiores orgulhos profissionais são a Direção e Organização do Serviços de Endocrinologia do HSM, com a criação das consultas de Andrologia, de Obesidade e de Doenças do Comportamento Alimentar. Orgulha-se também das Sociedades Médicas de que foi fundador e da sua contribuição para a SPEDM.
Nos seus tempos livres, gosta de ouvir música clássica, ópera e estudar artes plásticas. Quando questionado sobre um talento escondido, confessa que ainda o procura. Adepto do Sporting, gosta também de conviver com os amigos, assim como de ler as obras de Freud, Fernando Pessoa, Palmeiras Bravas, William Faulkner e José Duro. No cinema, destaca “O mundo a seus pés” de Orson Wells e a “Laranja Mecânica” de Stanley Kubrick. As suas viagens mais marcantes foram a Roma e aos EUA.
Conselho aos mais novos: “A saúde do meu doente será a minha primeira preocupação” (Hipócrates). “Não há doenças, há doentes. Escolham uma superespecialização dentro da Endocrinologia”.