Newsletter da SPEDM

Tema de Capa - Elabela e Apelina

Tema de Capa
Ed.
Outubro 2021

A Elabela é uma hormona peptídica, descrita pela primeira vez em 2013 como essencial ao desenvolvimento cardíaco. Este peptídeo é um ligando do receptor da Apelina, descrito em 1993 e cujo primeiro ligando descoberto foi a Apelina. O gene Elabela encontra-se expresso no tecido embrionário e em alguns tecidos adultos, como o endotélio cardíaco, vasos sanguíneos, rim, próstata e placenta. Tanto a Elabela como a Apelina circulam na corrente sanguínea e ambas têm sido estudadas em diferentes cenários clínicos.

A Elabela tem um papel crucial na embriogénese precoce, nomeadamente na cardiogénese, vasculogénese e formação óssea. Já a Apelina desempenha funções na embriogénese tardia, nomeadamente na angiogénese, e tem também efeitos na homeostasia energética. 

Vários estudos têm avaliado a relevância deste eixo na gravidez, nomeadamente quando complicada com pré-eclâmpsia (PE) ou diabetes gestacional (DG).

Os níveis de Apelina estão aumentados em mulheres com PE. Relativamente à Elabela, modelos animais com níveis diminuídos apresentam manifestações clínicas de PE, porém os resultados de estudos clínicos são controversos. Assim, permanece por esclarecer se esta hormona contribui para a patofisiologia da PE. 

Tem sido também avaliado o papel da Apelina e Elabela na DG. A Apelina aumenta o uptake de glicose e a sensibilidade à insulina, e os seus níveis encontram-se aumentados em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 e obesidade. Estudos realizados em modelos animais mostraram níveis elevados de Apelina no termo da gravidez em mães obesas ou com insulinorresistência. Porém, as investigações efetuadas em humanos não apoiam a associação entre os níveis de Apelina e a DG. Um estudo recente de Che Y. et al, apresentado no 57th EASD Annual Meeting, avaliou os níveis de Elabela em mulheres com DG e mulheres saudáveis, e a sua associação com indicadores metabólicos e inflamatórios. Os autores concluem que a Elabela poderá ser um biomarcador de DG, dado que níveis diminuídos se associam significativamente a aumento dos níveis de glucose e de insulinorresistência na DG, e tal poderá ocorrer através de mediadores inflamatórios como a IL-1β.

Há várias limitações nos, ainda escassos, estudos publicados. Investigações futuras poderão esclarecer o real impacto destas hormonas na PE e DG e avaliar o potencial terapêutico das mesmas.