Osteoporose - Um tema transversal na Medicina
A osteoporose é uma doença crónica que afeta os ossos, tornando-os frágeis e propensos a fraturas. É uma condição multifatorial que requer uma abordagem multidisciplinar para o seu diagnóstico, tratamento e manejo adequados. Neste sentido, é muito importante uma abordagem multidisciplinar envolvendo diferentes profissionais de saúde e diferentes especialidades médicas.
Esta condição é mais comum em mulheres após a menopausa, onde a diminuição dos níveis de estrogénio tem um papel importante. Pode, também, afetar homens e pessoas mais jovens devido a várias condições médicas e estilo de vida. Para avaliar a saúde óssea de um paciente e diagnosticar a osteoporose, é desejável uma equipe pluridisciplinar, uma vez que não estão apenas em causa alterações ósseas.
O papel do(a) Médico(a) de Família é fundamental na prevenção primária da osteoporose. Está incumbido/a de avaliar os fatores de risco do(a) paciente, histórico médico e realizar exames físicos para determinar a presença da doença. Pode utilizar algumas ferramentas de forma sistemática nos(as) seus utentes idosos(as) como, por exemplo, o FRAX®, que lhe permitirá identificar os indivíduos em risco, mesmo antes de existirem fraturas osteoporóticas. Além disso, eles podem, se necessário, solicitar exames complementares onde poderá estar incluída a densitometria óssea. Com base na integração nesses resultados, o(a) médico(a) pode prescrever terapêutica que tem como objetivo reduzir o risco de fraturas.
Atualmente sabe-se que existe uma lacuna frequente no atendimento aos indivíduos que necessitam de tratamento para a sua osteoporose e que, inclusivamente, já tiveram uma fratura de baixo impacto e não estão a ser tratados. Aqui entra o conceito de FLS (Fracture Liaison Service). Em poucas palavras estas FLS são serviços multidisciplinares que permitem identificar os indivíduos que tiveram uma fratura de baixo impacto e que possam vir a beneficiar de intervenção terapêutica. Já existem várias em Portugal e podem ser consultadas no sítio https://www.capturethefracture.org/map-of-best-practice.
A complexidade que envolve a temática da osteoporose é grande e, por isso, esta doença é transversal a várias especialidades, nomeadamente a Reumatologia, a Endocrinologia, a Ginecologia, a Ortopedia, a Medicina Física e Reabilitação, a Medicina Geral e Familiar, entre outras.
A SPODOM (Sociedade Portuguesa de Osteoporose e Doenças Ósseas Metabólicas) é uma Sociedade Científica que visa promover o estudo e a divulgação científica deste tema e tem nos seus corpos sociais elementos destas diferentes especialidades. A colaboração entre as diferentes sociedades científicas é fundamental para a criação de sinergias muito úteis para se atingir os objetivos propostos. Assim, a SPEDM (Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo) pode ter um papel importante na colaboração com a SPODOM, promovendo atividades científicas a vários níveis.
A interligação entre diferentes as sociedades, pode ser um motor importante para a melhoria do atendimento à/ao doente com osteoporose, designadamente:
- no desenvolvimento de trabalhos científicos multidisciplinares;
- na divulgação da atividade científica (congressos, simpósios, etc.);
- na formação médica (cursos);
- no desenvolvimento de documentos de síntese (recomendações);
- na interação com o público e com o poder político.